Controle Social do Estado e Participação
Cidadã
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Artigo publicado no jornal
Diário do Grande ABC, no dia 11 de novembro de 2000. |
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Todos os administradores, autoridades
e servidores públicos são obrigados a ser honestos, coibir o clientelismo,
a troca de favores, o tráfico de influências, a corrupção e os privilégios
na prestação de serviços e na utilização dos espaços públicos, execução
de obras e gastos do dinheiro público, porque a legislação e os
princípios gerais de direito administrativo assim determinam. Em
resumo: o governo não pode se confundir com o Estado.
Mas o que diferencia um governo
progressista de um conservador não são apenas os fatos acima citados,
pois o progressista, além de administra a cidade com criatividade
e competência, deve apontar as diretrizes do programa de governo
para contribuir com a transformação da sociedade que se dará pela
conscientização dos cidadãos e cidadãs, pelos canais de participação
cidadã nas decisões de governo.
Do nosso ponto de vista, para
não existir corrupção, clientelismo, privilégios etc., é necessária
a criação de mecanismo em que as informações públicas circulem livremente
e a transparência dos atos administrativos não dependa apenas da
vontade política da administração, pois os conservadores podem até
fazer uma administração competente, porém não têm o mínimo interesse
em transformar a sociedade, uma vez que as transformações sociais
levam à perda de privilégios conquistados ao longo dos séculos.
Um governo pedagógico deve utilizar
o seu poder para democratizar o aparelho do Estado e não para concentrá-lo.
A partir do momento em que estamos criando mecanismos para democratizar
as informações, obrigar a transparência, melhorando a prestação
de serviços públicos, discutindo o Orçamento, estamos contribuindo
com a democratização do Estado. Mas isso não basta, pois é necessário
descentralizar a própria gestão da coisa pública.
Uma das mais importantes leis
da cidade é o Orçamento Público, pois é nessa lei que está contido
onde será arrecadado e onde será arrecadado e onde será gasto o
dinheiro da população. A democratização das decisões de onde gastar
o dinheiro público é o que levará à participação da sociedade e,
sem dúvida alguma, beneficiará as camadas sociais mais desfavorecidas,
pois certamente o dinheiro público será aplicado de fato em benefícios
populares, mas não populistas e clientelistas.
A importância da democratização
do aparelho do Estado faz a população também ser responsável pelos
destinos do governo, contribui com a educação política da sociedade
e evitará governos corruptos e sem compromissos com a cidade. Faz
com que as grandes decisões não dependam apenas da vontade política
do governante. Um governo sério, honesto e competente poderá fazer
excelentes obras para a cidade, poderá beneficiar o povo da periferia,
as classes desfavorecidas, mas somente poderá fazer isso enquanto
estiver no governo. Portanto, a mais importante obra de um governo
pedagógico é a criação de mecanismos para a democratização do poder
nas decisões, pois, mesmo após o término do seu mandato, a sociedade
como um todo poderá continuar se beneficiando e decidindo.
É difícil o povo se organizar
e adquirir consciência, porém, depois que a adquire, não a perde
jamais. Esta deve ser uma das grandes diferenças do Partido dos
Trabalhadores no governo.
Vanderlei Siraque é
deputado estadual pelo PT de Santo André.
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