O projeto que revoga em Santo André
a lei que obriga os bancos a atender os clientes entre 20
e 30 minutos está causando conflito entre os petistas.
A proposta de revogação é da administração
do prefeito Celso Daniel (PT), mas a bancada petista resiste
à idéia por avaliar que a medida prejudicará
a população.
O deputado estadual Vanderlei Siraque (PT), autor da lei
aprovada em 1998, quando era vereador, não gostou da
iniciativa do Executivo. "A administração
deveria ter conversado comigo antes de mandar o projeto para
a Câmara. Não acredito que tenha sido o prefeito
quem teve tal iniciativa. Deve ter sido algum assessor",
disse Siraque.
O deputado entende ser importante para a cidade uma lei que
agilize o atendimento bancário, principalmente porque
evita que aposentados e pessoas carentes e que não
têm conta corrente em bancos fiquem muito tempo em filas.
"O Executivo deveria usar o bom senso e retirar o projeto
da Câmara. A administração deveria, no
mínimo, ter me comunicado sobre o projeto por uma questão
de companheirismo. Somos do mesmo partido. Essa revogação
vai contra os interesses dos trabalhadores", disse.
Siraque salientou que entrará em contato com o Sindicato
dos Bancários do ABC e com a Câmara.
Ele informou ainda que o Ministério Público
de Santo André já instaurou inquérito
para apurar a questão do atendimento nas agências
bancárias. "Se o projeto fosse inconstitucional,
o Ministério Público não estaria agindo
sobre o assunto", disse. "Quando elaborei o projeto
me baseei em lei que funciona muito bem em Porto Alegre (RS)",
disse.
O vereador Ricardo Alvarez (PT) lembrou que o governo nesta
capital do Rio Grande do Sul também é do PT.
"Eu também sou a favor da manutenção
da lei. Hoje, os lucros e a rentabilidade dos bancos são
fantásticos e, mesmo assim, eles ficam reduzindo pessoal
e a população é obrigada a ficar muito
tempo nas filas."
Para revogar a lei, a administração de Celso
argumenta que a mesma tem problemas de inconstitucionalidade.
Contudo, Alvarez rebate. "Se é inconstitucional,
por que o prefeito sancionou?", indagou. "O poder
público tem de forçar os bancos a investir na
contratação de pessoal. Hoje, quase tudo gira
em torno dos bancos", afirmou.
|