A violência que atinge as escolas públicas do
Grande ABC será discutida na quinta, quando o Diário
promove mesa-redonda na sede da Acisa (Associação
Comercial e Industrial de Santo André), entre 15h e
17h. Foram convidados para o evento a secretária estadual
de Educação, Rose Neubauer, os secretários
de Educação das sete cidades, os coordenadores
da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do
Estado de São Paulo) e Aesp (Associação
de Escolas Particulares do ABC), o deputado estadual do PT
Vanderlei Siraque, os comandantes das polícias Civil
e Militar do Grande ABC e o coordenador do Instituto Fernand
Braudel, coronel José Vicente da Silva.
A iniciativa foi tomada em função dos diversos
casos de violência ocorridos nas últimas semanas
em escolas estaduais do Grande ABC. Dos 408 estabelecimentos
públicos da região, 144 (um terço) estão
sob o risco da violência, segundo a própria Secretaria
Estadual de Eduação.
No último domingo, o Diário publicou série
de reportagens sobre o tema. A secretária Rose Neubauer,
56 anos, admitiu que o crescente número de casos em
escolas da região chamou a atenção. Ela
afirmou que a situação é grave e anunciou
um plano para a diminuição do problema em mil
unidades de todo o Estado.
Segundo Rose Neubauer, as escolas em situação
crítica receberão verbas para a aquisição
de equipamentos de alarme e circuito interno de TV. Além
disso, há uma determinação para que a
ouvidoria da secretaria percorra os estabelecimentos de ensino
da região e entre em contato com diretores, professores,
alunos e comunidades dos bairros.
As dezenas de casos de violência divulgados pela imprensa,
de acordo com a Apeoesp, representa apenas a ponta do iceberg.
Na avaliação da entidade, a violência
não é fato isolado, mas está presente
diariamente nas escolas públicas. Apenas a menor parte
das ocorrências acaba em boletins de ocorrência
nas delegacias de polícia. Conflitos de médio
e pequeno portes normalmente são resolvidos na própria
escola.
Os fatos comunicados à polícia são os
mais graves. Envolvem, entre outras coisas, ameaças,
agressões entre os próprios alunos e contra
professores e funcionários dos estabelecimentos.
Há duas semanas, a professora de Educação
Física A.O.F. e mais dois estudantes foram agredidos
por alunos na quadra esportiva da EE (Escola Estadual) Marco
Antônio Prudente de Toledo, em São Bernardo.
A., grávida, apitava um jogo entre classes que terminou
em confusão.
Alguns dos conflitos escolares são ainda mais preocupantes,
pois envolvem o uso de arma de fogo. No início do mês
passado, a professora Aparecida Maria dos Santos Vecchi, 44
anos, foi baleada por um aluno em uma das salas de aula da
EE Escola Estadual Ordânia Janone Crespo, em Santo André.
A bala atravessou seu corpo e furou o quadro negro. Depois
de quase um mês em recuperação, a professora
pretende voltar a lecionar no ano que vem.
A intenção de Aparecida em voltar à
escola depois do incidente nem sempre é compartilhada
pela comunidade escolar, atualmente chocada com a violência.
Existem alunos do ensino público que deixaram as salas
de aula por conta da falta de segurança. Professores
e funcionários dos estabelecimentos se sentem acuados
e evitam apontar os responsáveis pela violência
nas escolas.
|